Meu parto
foi um parto! Ou melhor, foram dois!!
Eu estava
em um estado bem crítico já, eu não aguentava mais aquele sofrimento e as
incertezas do que poderia acontecer comigo e com os bebês. No primeiro dia em
que o Fa pode dormir comigo eu simplesmente relaxei, apesar de toda a dor e incômodos
me senti aliviada porque ele estava ali comigo.
Mas era
muito difícil dormir na UTI o tempo todo ficavam me monitorando e monitorando
os bebês. Eu estava usando sonda porque não aguentava levantar para ir ao
banheiro e era horrível. Eu também estava usando meias de compressão porque eu
estava inchando muito devido à quantidade de soro e medicação que eu tomava. Eu
não sentia um pingo de fome, mas me forçava a comer pelos bebês! Sempre tive o
intestino preso e outra coisa horrível do hospital é que te obrigam a usar o
banheiro! Davam-me laxantes atrás de laxantes sinto o gosto até hoje do
Tamarine e dos Iogurtes de ameixa.
Eu fazia
fisioterapia respiratória pelo menos 3 vezes ao dia, usava o CPAP que serve para
expansão pulmonar e conforto respiratório posso dizer que é horrível,
principalmente pra quem é claustrofóbica como eu. Mas quando na necessidade de
uso é um alívio.
Na
madrugada do dia 15 para o dia 16 de janeiro para ser mais precisa as 1am uma
fisioterapeuta entrou como de costume para colocar o CPAP em mim e disse que me
deixaria com o CPAP no máximo uns 25 minutos e logo viria retirar. Como foi o
primeiro dia que o Fabio tinha conseguido passar a noite comigo ele pode dormir
e ele apagou! Quando a fisioterapeuta saiu do quarto comecei a sentir
contrações fortíssimas daquelas de empurrar! Eu sabia que tinha algo errado...
E no CPAP eu não conseguia respirar fundo, ele tem um fluxo de respiração então
eu tinha que respirar tranquilo e em um mesmo ritmo. E com aquela dor horrível
decidi chamar as enfermeiras, quando fui pegar a campainha ela caiu da maca eu
comecei a ficar nervosa, pelas contrações que vinha a cada 30 segundos, pela
campainha que tinha caído... Resolvi bater na cama para fazer barulho, mas eu
estava tão fraca que eu não conseguia fazer nenhum barulhinho. Tentei tirar o
CPAP, mas ele é muito bem preso na cabeça e devido minha fraqueza também não
consegui tirá-lo. A única coisa que estava ao meu alcance era meu travesseiro
então o peguei e joguei no Fa, mas como ele estava capotado porque já não
dormia há muitos dias não acordou... Fui
ficando cada vez mais nervosa, o tempo passava e nada da fisioterapeuta voltar.
Já tinham se passado mais de 30minutos e nada! Quando era umas 1:45am a
fisioterapeuta voltou eu já estava vermelha igual pimenta de tanto que eu estava
segurando as contrações, eu orava tanto, pedia tanto a Deus que tivesse compaixão
de mim e dos meus bebês... Eu conversava muito em pensamento com os bebês
pedindo que eles me ajudassem que ficassem ali mais um pouquinho para que
crescessem mais um pouquinho... Porque cada dia era mais um dia de
amadurecimento para eles... Passei a dar valor aquele poema do valor de 1
segundo (vou postar pra vocês).
Quando a
fisioterapeuta me viu ficou sem reação voltou pra trás e chamou os médicos de
plantão. A sala lotou em questão de segundos... Quando ela tirou o CPAP me deu
uma vontade imensa de xingá-la mas eu estava com tanta dor e tendo tanta
piedade e achei melhor resolver meu problema...rsrsrs
Pedi para
acordarem o Fa porque os bebês estavam nascendo, e eu não estava mais
aguentando segurar... Chamaram a obstetra (meu anjinho Dra. Veruska) ela chegou
em poucos minutos... Desenvolvi um enorme edema na vulva que dificultava tudo!
A doutora muito cuidadosa e carinhosa me tranquilizava muito dizendo que tudo
ia ficar bem... Ela disse que teria que fazer um exame de toque para ver se eu
já estava dilatada para fazer o parto, mas ela não conseguiu enfiar um dedo! A
dor era insuportável parecia que estavam quebrando todos os ossos do meu corpo!
Ela viu que eu não ia aguentar mais e pediu para agilizarem meu transporte para
a sala de cirurgia porque ela iria fazer o parto porque se os bebês não
nascessem eu não iria aguentar mais...
Chegamos no
centro cirúrgico em no máximo 10 minutos, como não deu tempo do Fabio se
paramentar infelizmente ele não pode entrar e por um lado foi bom porque foi um
parto muito traumático. Assim que me passaram de maca para a outra a Bia
nasceu... Só ouvia gritaria – Já tem um bebê aqui – cadê a equipe. Eu vi minha
pequenininha... Eu a ouvi chorar... Foi muito rápido... A doutora tentou pegar
o Caique, mas ele estava sentado então ela teve que fazer por cesárea. Tentaram
me dar a anestesia, mas não deu tempo de pegar... Então decidiram me dar a
geral, mas antes mesmo de eu apagar senti cortando minha barriga... Nunca achei
que seria capaz de aguentar tanta dor... Não sei contar como foi logo depois
que os bebês nasceram por eu estava sedada. Sei contar o que me contam que
assim que sai do centro cirúrgico já me entubaram e começaram o tratamento da
pneumonia. Porque até então não podiam me dar os medicamentos para o tratamento
por causa dos bebês. Eu me lembro de acordar algumas vezes mesmo estando sedada
e ver que eu estava amarrada para não correr risco de me extubar. Quando abria
os olhos via o Fabio, em outras vezes a Inês, outras minha mãe... E lembro
também de ouvir eles me dizendo que estava tudo bem... Que eu já era mamãe de
um lindo casalzinho... E que eles estavam bem melhor do que o esperado! Isso me
dava forças para continuar e lutar!
Mesmo que
eu tente descrever tudo com os mínimos detalhes eu não vou conseguir chegar nem
perto do que realmente foi. Sei que Deus tem um propósito na vida de cada um e
que Ele não dá uma cruz mais pesada do que podemos carregar. Tenho muito a
agradecer a Deus por tudo o que passei e venci e muito que pedir perdão por
minhas falhas e erros e que mesmo com eles Ele é misericordioso e me dá a vitória.
Obrigada meu Deus!!
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